sábado, 6 de agosto de 2016

Carta em memória.

Meu amor,
tudo em volta é decerto. Tudo incerto, como dois e dois são cinco. Tudo está incerto, como dois graus são duas grades: tudo por certo está desértico.
Meu amor,
o só seria se é numérico, vão desértico. Tudo lado a lado, como dois porcento é incerto. Tudo, vez por vez, como dois e dois é algo por certo.
Meu amor,
tudo híbrido, como dois chás nos sentidos é algo incerto. Tudo pegador como varais em nossos ais. Meu amor, tudo em volta é puro e certo: é algo vão e desértico.
Meu amor,
tudo gradativo como tem o selo incerto. Tudo dando voltas como um deus é poli e incerto. Meu amor, tudo em volta está-aí.
Tudo dois por certo como dois e dois é um sinto,
finco, dois pontos nos is, um larari, um larará, um colar de andar e haja amar!
{06. 08.16}

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Minúsculo retrato de meu país

Nesse lugar os dias são adiados como manhãs revogáveis. Adia-se o presente para um futuro incerto até que os anos cheguem como uma velhice precoce. A vivência gira em torno de um discurso único de violência, degradando cada vez mais o espaço e a alma de quem nele habita como objetos sucateados na província do isolamento.


As crianças desde muito cedo já se tornam vítimas das intrigas de seus pais. Os pais pautam suas vidas segundo o noticiário da TV da mídia de maior circulação e qualquer assunto gira em torno dos problemas do país. Quem ali estiver não passará ileso. Quem ali estiver sofrerá de aridez e de vida mirrada numa espécie de prisão sem retratamento social.

Conflitos só são ignorados na hora de se sentar à mesa para falar sobre eles. Deixa-se de lado qualquer esclarecimento e finge-se não escutar tudo que ressoa aos gritos, aos berros e aos prantos do âmago de cada um, desde a criança até o mais velho deles. Ao mesmo tempo, todo ataque será proferido na camada do descuido prosseguido da vida, para que a luta e a esperança de uma vida mais digna perca por cansaço, dando vez a um marasmo escaldante diante de uma tela ofuscada de conformidade irrequieta e angustiante. Verdades são preestabelecidas como ordens sem que reúna aquele que acabou de chegar a se integralizar à sua maneira de ter vindo dos ventos que o levou até ali. Para passar a se reunir e ser escutado, antes terá que observar as ruínas, cravá-las no peito feito raízes desoladas e, por fim, esquecer-se que um dia a torrente de lágrimas o visitou como um forte pressentimento.

A intolerância assolou o meu país. Passamos a confiar com alarde na primeira ajuda estendida como um leque da consciência da boa vontade e da cordialidade já escassas. Não há boas notícias senão as boas notícias dos amantes, à espera tranquila de seus sinais e a caminhar com eles. Lê à entrada do café, que há anos ali não passa, sobre as alterações para a ordem coletiva, dizendo que agora os fumantes serão excluídos inclusive das áreas externas dos ambientes públicos, cada vez mais escanteados para a escadaria dos prédios ao lado dos lixos.
(...)

Quem ali estiver não passará ileso.

{07.01.15}

Minha esperança obstinada

Mesmo para sair de um estado miserável, será preciso ao menos que aquele último fio da corda que o sustenta não se parta. Por um fio que é o mesmo que estar suportado por uma última e mínima gota no mar da esperança. Para sair de um estado miserável, não bastará apenas se levantar da cadeira, injetar fogo nos olhos e suportar a B e a C com cordialidade, como já bem reflexionou o mestre das metamorfoses. Para sair de um estado miserável, será preciso o mesmo despendimento de energia arrebatadora e monstruosa que levou alguém a acomodar-se na própria queda. Assim como para tudo isso, prevalecerá uma decisão, que se sustentará tanto maior se aumentada pela calma retirada do mais profundo âmago.

Não é necessário que alguém me conduza com as mãos, apontando-me com carinho e atenção aquilo que já não vejo. Não é necessário que alguém me retire com suas vísceras de minha acomodação feito a reação natural de uma felina selvagem ao ver seu filhote sendo amordaçado por algum caçador. Não é necessário que alguém me dê o trigo e o joio do que fazer com as cem direções apontando ao léu para qualquer vento quando meu tato se tornou áspero. Não é necessário que parta do sofrimento maior para que a percepção da luta e da sobrevivência se aclarem feito uma lição irreparável à espécie de animal que sou. Não é necessário que me prendam, assim como não é necessário que busquem meu retratamento social. À espécie de animal que sou que contém toda a espécie num único ser vivo, ao bicho feroz e espesso que sou que se confunde com o esgoto que sai das cidades para o encontro com o rio, ao humano demasiado humano que sou que pragueja e vocifera, que ama e que odeia, que sente e que reflete, que tem necessidades vitais e fisiológicas e que atende a toda sua particularidade espiritual e mental, profiro: do plano real e comum a toda gente do que é possível se encontrar no mundo, não há nada a mim que é necessário passar, porque não há nada que seja prescrito na ordem de um destino.

Como poderia assim ajudar quem quer que seja? Como poderia assim apontar caminhos? Como poderia assim oferecer o mar da esperança de mudanças prósperas para quem sabe se alguém a receberá ao menos num punhadinho de grãos quando nela já não há?

Como pode ser assim que há milênios um homem tenha feito ressoar o fluxo das águas da mudança e tenha chegado aos meus pés até à poça de lama onde um dia Hijikata se refletiu criança? Como pode ser assim que meu ser se preserve, persevere e na colheita abra-se feito um leque, enquanto ser na língua corrente nem se identifique com o ser gente?

Basta que em mim não morra a infinitude de minha esperança maior até a última e mais irrelevante. Um movimento característico dessa esperança obstinada é arregalar os olhos por se sentir ainda surpreso.


{04.01.16}

Vapor de cancioneira

O esquecimento não é um de repente
Não dar-se mais por conta
Que só volta a visitar
A lembrança de plano ofuscado
Quando inundado por um cheiro
Por um objeto de religare ao peito
Por uma leitura que percorre o plano inconsciente
Em dia de propícia relembrança.

Não, o esquecimento é bem outra coisa.

O esquecimento é uma prenda do tempo
De diabruras conosco
Dizendo-nos:

Rastejarás os dias, tu e tua lembrança,
Para que de tanto tê-la
Saberás já não a ter
Como da fonte seca
Ter o inútil de se beber.

O esquecimento resguarda em si
A razão de não acompanhar uma lembrança
Quando a feição reverencia aos pés
De uma flor que se abre
Na captura de um instante irrecuperável
Para logo desconfigurar a fotografia
Para logo murchar todo o fascínio da preamar.

O esquecimento arranca seus motivos
Leva aos ventos
E lá faz alquimia de sorte de peregrino
Indo a qualquer parte
Para bem querermos não mais os achar.

{06.10.2015}

sábado, 17 de outubro de 2015

Tentativa de prosa - ou esboço da ficção de si, parte 2.

Reluto por chegar à cena de configuração estática. Aquela que por definição ressalta à vista por uma descoberta inegável, por onde passamos e já não se pode mais ser o mesmo. Uma viagem poderia bem ser um presente em leque para uma feitura literária de livre composição. Sabe-se lá como esse relocamento de um ponto ao outro fica ali estendido por um tempo, no transcurso diário dos dias comuns, a rememorar o que passou como a gravação de uma paisagem que rebobinamos incessantemente, até nos fartarmos de tantas perspectivas vistas sobre uma mesma coisa. O certo é que ali fica, em algum plano da memória, como um período intransferível e, como se não bastasse isso, ficamos nós feito formigas na edificação de um edifício, a realizar diariamente aquilo que parece ter como fim mais uma viagem, mais uma fuga, mais uma reconfiguração pela memória de uma vida que segue o seu percurso, seja da forma que for. Como poderia eu, assim, voltar a esse lugar do plano consciente de meu estado desperto e transpassar em linguagem o espanto de ter descoberto a palavra dita no momento incerto?...

A vida segue o seu fluxo e dizemos avante numa desordem que é como estar ao mesmo tempo negando o pé que está na contramão e dando vez ao outro que está no acelerador. Até que se descubra, pela aleatoriedade dos eventos de um livro, a possibilidade metodológica de passar em um teste seguindo a ordem não linear da sorte. E então dizemos: Para ti, tal modo de configuração coube-te feito uma roupa de alfaiataria, já para mim é bem outra coisa. E então ouvimos ressoar a primeira pergunta: O que para mim é uma configuração assertiva da disposição das coisas para o sucesso de meus afazeres? E devolvemos: Para mim, reitero, há anos tenho disposto livros e acompanhado as ocorrências feito uma observadora integral do que está a minha volta, e ainda não estou por convencida de que esta tem sido a melhor a que me proponho. Em particular, de quê metodologia, me perguntaria, caso o diálogo romântico seguisse a ordem do que se espera: Aquela que alterasse os eventos sem cronologia da sorte. E dessa maneira podemos enfim recomeçar o diálogo, de um ponto de partida onde o indivíduo é o seu próprio relato que partilha da experiência de si com os outros, costurando as modificações que lhe alteram o hábito.

Tal é o espanto quando finalmente nos defrontamos, como que numa convergência de linhas conscientes e experiências presentes, com algo que se apresenta de forma indistinta. Peguemos então um livro do qual só utilizaremos para compreender melhor a realidade que nos cerca. Esgotada a sua possibilidade, fechamos o livro e já não o cavoucamos para além da vida que se tem diante de si. Com o que ficamos a balancear e a reflexionar, depois desse caminho de plano consciente elaborado por outra mente de fluida edificação racional? Ela se mostra condizente a uma narrativa da qual aceitamos sem negar a sua capacidade de descrição real, de possibilidades que se tem no mundo com as quais participamos ao mesmo tempo em que nos distanciamos delas. É assim que é nos dada a capacidade de elaborar as nossas próprias possibilidades no decurso de um tempo, cujos efeitos são adquiridos somente com a paciência de se olhar para frente.

Voltamos então ao ponto de partida. Ponto de partida este que seria uma ruptura ou um declínio? Retoricamente se pergunta, muitas vezes, quando se tem a resposta na ponta da língua, porém se quer ainda ver os efeitos que o decurso do pensamento proporcionará. Não querendo fazer desta construção um discurso de pensamento assertivo, vou à tangente da questão e digo diretamente: o declínio poderia ser o homem enervado diante de uma circunstância, e é preciso dizer que está sempre diante de algo, ao ver que a sua única solução seria voltar para trás, rebobinar desde o começo a paisagem que lhe traz o sentimento de urgência, dispondo-a de qualquer maneira, a qualquer custo de sua saúde, como aquilo que apresenta-se a ele como prenda, onde o tempo é o que dá o domínio e o enlevo sobre as coisas. Aqui defenderia a ruptura, uma vez que o declínio é um homem por demais de atolado em meio a livros poeirentos, em meio a algo que ainda não o descobriu como palha seca. A ruptura diferencia-se do declínio enquanto marcação do compasso das horas de um homem, enquanto o declínio já é a própria doença do homem enquanto caso perdido. Ali ele pode situar-se, habitar o seu corpo feito estrutura sólida, e dizer enfim que teve um começo e que teve um fim, sem que a palavra ressoe como peso de medida que morre ao se espatifar no chão. A ruptura aqui, contudo, é minha imagem estática, aonde cheguei sem que forçasse o discurso do pensamento, liberada que ficou esta paisagem.

A imagem decorre de um transfiguração inicial, pendente que ficou a identidade nos momentos de alteração climática para dentro da alma. O passeio que faço decorre do estado de espírito de um passarinho bêbado. Dias mais tarde, leio um trecho de um livro que diz que para os vaabitas há somente dois pecados mortais: ter outro deus que não o seu e - fumar, que é o que eles chamam do modo infame de beber. De modo igual, dizia, que entre os antigos romanos havia a ideia de que uma mulher só podia pecar mortalmente de duas maneiras: cometendo adultério e - bebendo vinho. Temendo que o espírito orgiástico e dionisíaco assolasse as mulheres do Sul, quando o vinho ainda era algo novo na Europa, aquilo era um tremendo de um exotismo, de modo a transformar a sensibilidade romana, sendo vista quase como a traição de Roma, a incorporação do estrangeiro. Pois veja bem, diante disso, reconfigurei a minha paisagem. Podia ser um crime ou não passear bêbada narrando aos ouvidos de um homem contemporâneo aquilo que improvisava no meu discurso, com os recursos da hora, como que para modificar a sensibilização de meu estado de espírito futuro, ao recordar o que de mim era feito e dado pelo gesto e pela palavra, uma vez que pressentia que algo ali não corria mais tão bem. E bom, muito se foi dito sobre a mulher no decurso da história, e nenhum fez jus à sua figura, nem mesmo na literatura mais atual, que é como uma punhalada na sensibilização da vida mais reatualizada de hoje. É que nessa viagem me apegava a ideia de amor, do êxtase místico e da diferença do estado de enamoramento para o que é quase indefinível de se dizer o qual se chama de amor, mulher que sou a definir-me com uma mala a tira colo e um coração que tenta ser fiel a si próprio por vezes. Soltei algumas palavras “Você uma vez me disse algo que seu amores foram obsessivos... E neste livro o mesmo que me disse, visto de outra forma, tal se chama êxtase místico...”. Disse como que para ele encontrasse aí alguma cura, algum afago, talvez, que, como dizia outra parte daquele livro, a natureza da mulher é a docilidade, enquanto a do homem é a da vontade. O sol à pino naquela praça. A minha posição sentada como que de meditação sobre o banco. O seu corpo deitado em um conforto de se estar na rua que jamais vi antes em parte alguma. A nossa fumaça que era o fim daquela intraduzível conversa para outros passantes, dando a marcação da ruptura. E finalmente, as palavras se espatifando ao chão... “Não”, foi o que me disse, embora não me lembre mais se fora pronunciado, ou se um simples gesto com a cabeça havia sido reproduzido em mim como algo dito: “Não, não é mais assim, não toquemos jamais nesse assunto, esqueça...”. Havia um muro à frente. Derradeiramente, meu olhar desviou-se, confuso: o muro ostentava a Vontade. Dias se seguiram e neguei-a. Apegada a uma lembrança de algum ideal de ascese, impraticável no meu meio. Dias se seguiram e languidamente me vi consumida. Dias se seguiram e só amanhã irei tomar coragem para retratar-me: continuarei esta fábula. Os recursos ociosos serão: hipérbole, uma pitada de acridoce e um vasilhame de ficção carregada por uma vida de realismo irretratável. É isso, então.


(...)

sábado, 2 de maio de 2015

O tempo das margaridas despedaçadas

A cada margarida despedaçada, em busca de uma resposta para o bem-me-quer ou mal-me-quer, iam-se caindo as pétalas ao chão junto com a pergunta... Cada pétala contada, um destrato com a flor. Cada queda da pétada ao chão, um fechar de olhos a petrificar o seu peito. Ao ponto em que as pétalas transformavam-se em números de segundos incontáveis, e as flores, números de horas desperdiçadas. Qual seria, então, o sentido da pétala e da flor enquanto números?

Perguntando-se naquele dia, por quê o apresso por uma outra flor guardada e mucha dentro de um livro empoeirento na estante ao meio de tantos outros livros? Por quê, então, não havia mais cuidado de seu campo vasto afim de receber a gratidão das flores? Por quê o apresso pelos seus mortos em queda e nunca a resposta desejada? E a resposta, pois não seria tão somente a realização de uma afirmação ou de uma negação? Por quê tanta dificuldade em proferi-la? Bem-te-quis, Mal-te-quis... E libertaria assim todas as margaridas despedaçadas... Mas mais simplório foi afastar-se diante de tudo, do tempo que transcorria levando o seu sentido de querer, para ter como resposta a superfície de uma margarida costurada, quando já não era quase que por completo inócua, sem centro.

O preço que pagou por um beijo de lágrimas se encerrou no tempo inoportuno, até que ele mesmo não consiguia mais obter de seu alimento vital. Deixando de lado, mais uma vez, as pétalas costuradas. Por quê não foi até elas, logo depois de alguma tomada de consciência, não para reparar os emendos, mas para sanar o seu centro? O centro sanado, que seria a gota de sal tocando a pele delicada, como na primeira infância. Foi assim, então, que tomou do conhecimento da queda das pétalas, depois de sua própria queda, com o tempo tomado sem raparos, e de lá não mais saiu. Continuando a não se desvencilhar de seu livro, daquele livro tão cheio de significados, como forma única a resguardar o que foi perdido e que já não se acharia mais. Suco ingrato, sumo ingrato, iludido nas perdas e nos ganhos de suas guerras particulares. Suco derramado, sumo derramado, para virar pó e cinza junto à terra, e sem sabermos do seu fim acalentador sobre a terra, iludirmo-nos por mais uma aventura pelos céus.


O único resguardo de flor dentro de um livro como resultado de sua prisão mesquinha, pois trabalhar sobre o solo, fazer vingar o pé de flor, qualquer que fosse - afinal não importa qual flor seja, enquanto ela por si só seja flor -, teria que vir unicamente pela perfeição inalcançável e almejada, no momento de sua iniciação ao Amor. Iniciação que, desencontrada na perda de sentido do querer, hoje é só cinza e nó, e ainda assim, a desejar o Impossível. O impossível de suas perguntas sem respostas e o impedimento de proferi-las às perguntas das margaridas.


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Dedilhando canções para teus ouvidos



Quisera nos erguer sobre raízes de uma árvore secular para nos dar sustento diante da bravata do cotidiano eriçado. Quisera nos fazer de mastros, cada qual em sua ilha, para lançar luz sobre os mares que nos dividem a direção futura. Quisera ser a ponte e o caminho entre minha veia e a sua veia, no percorrer combustivo de tudo que se constitui em nós. Quisera num jato de criação soltarmos todas nossas fendas e depois reluzirmos em sete mil cores, despendidas entre o sentir e o chorar. Quisera derramar-me e expandir-me na cal de terra desse encontro, deixando fluir livremente o presente, regozijado com toda franqueza. Quisera refazer-te em palavras, deter-me em ti por um instante, para pôr fel em teus lábios que me lêem e para preservar o invólucro de luz lunar em teu olhar. Quisera perder-me e reencontrar-me em ti, como única cumeeira a se retornar. Quisera na multidão em alvoroço um olhar-nos correspondido, dando a serenidade de nossa apátrida do mundo. Quisera a camada e a última demão de tinta azul sobre nosso corpo, para alcançar o céu pela pele. Quisera o destino sorrindo-nos de travessuras úmidas. Quisera o vão do labirinto de teu peito alcançando o meu vão de labirinto. E no toque mediúnico desta pele, recontando e sussurrando em mantra sobre todas as noites e todas as canções de amor sem fim...