Nesse lugar os dias são
adiados como manhãs revogáveis. Adia-se o presente para um futuro
incerto até que os anos cheguem como uma velhice precoce. A vivência
gira em torno de um discurso único de violência, degradando cada
vez mais o espaço e a alma de quem nele habita como objetos
sucateados na província do isolamento.
As crianças desde
muito cedo já se tornam vítimas das intrigas de seus pais. Os pais
pautam suas vidas segundo o noticiário da TV da mídia de maior
circulação e qualquer assunto gira em torno dos problemas do país.
Quem ali estiver não passará ileso. Quem ali estiver sofrerá de
aridez e de vida mirrada numa espécie de prisão sem retratamento
social.
Conflitos só são ignorados na hora de se sentar à mesa para falar sobre eles. Deixa-se de lado qualquer esclarecimento e finge-se não escutar tudo que ressoa aos gritos, aos berros e aos prantos do âmago de cada um, desde a criança até o mais velho deles. Ao mesmo tempo, todo ataque será proferido na camada do descuido prosseguido da vida, para que a luta e a esperança de uma vida mais digna perca por cansaço, dando vez a um marasmo escaldante diante de uma tela ofuscada de conformidade irrequieta e angustiante. Verdades são preestabelecidas como ordens sem que reúna aquele que acabou de chegar a se integralizar à sua maneira de ter vindo dos ventos que o levou até ali. Para passar a se reunir e ser escutado, antes terá que observar as ruínas, cravá-las no peito feito raízes desoladas e, por fim, esquecer-se que um dia a torrente de lágrimas o visitou como um forte pressentimento.
A intolerância assolou o meu país. Passamos a confiar com alarde na primeira ajuda estendida como um leque da consciência da boa vontade e da cordialidade já escassas. Não há boas notícias senão as boas notícias dos amantes, à espera tranquila de seus sinais e a caminhar com eles. Lê à entrada do café, que há anos ali não passa, sobre as alterações para a ordem coletiva, dizendo que agora os fumantes serão excluídos inclusive das áreas externas dos ambientes públicos, cada vez mais escanteados para a escadaria dos prédios ao lado dos lixos.
(...)
Quem ali estiver não passará ileso.
{07.01.15}
Conflitos só são ignorados na hora de se sentar à mesa para falar sobre eles. Deixa-se de lado qualquer esclarecimento e finge-se não escutar tudo que ressoa aos gritos, aos berros e aos prantos do âmago de cada um, desde a criança até o mais velho deles. Ao mesmo tempo, todo ataque será proferido na camada do descuido prosseguido da vida, para que a luta e a esperança de uma vida mais digna perca por cansaço, dando vez a um marasmo escaldante diante de uma tela ofuscada de conformidade irrequieta e angustiante. Verdades são preestabelecidas como ordens sem que reúna aquele que acabou de chegar a se integralizar à sua maneira de ter vindo dos ventos que o levou até ali. Para passar a se reunir e ser escutado, antes terá que observar as ruínas, cravá-las no peito feito raízes desoladas e, por fim, esquecer-se que um dia a torrente de lágrimas o visitou como um forte pressentimento.
A intolerância assolou o meu país. Passamos a confiar com alarde na primeira ajuda estendida como um leque da consciência da boa vontade e da cordialidade já escassas. Não há boas notícias senão as boas notícias dos amantes, à espera tranquila de seus sinais e a caminhar com eles. Lê à entrada do café, que há anos ali não passa, sobre as alterações para a ordem coletiva, dizendo que agora os fumantes serão excluídos inclusive das áreas externas dos ambientes públicos, cada vez mais escanteados para a escadaria dos prédios ao lado dos lixos.
(...)
Quem ali estiver não passará ileso.
{07.01.15}
Nenhum comentário:
Postar um comentário