segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Vapor de cancioneira

O esquecimento não é um de repente
Não dar-se mais por conta
Que só volta a visitar
A lembrança de plano ofuscado
Quando inundado por um cheiro
Por um objeto de religare ao peito
Por uma leitura que percorre o plano inconsciente
Em dia de propícia relembrança.

Não, o esquecimento é bem outra coisa.

O esquecimento é uma prenda do tempo
De diabruras conosco
Dizendo-nos:

Rastejarás os dias, tu e tua lembrança,
Para que de tanto tê-la
Saberás já não a ter
Como da fonte seca
Ter o inútil de se beber.

O esquecimento resguarda em si
A razão de não acompanhar uma lembrança
Quando a feição reverencia aos pés
De uma flor que se abre
Na captura de um instante irrecuperável
Para logo desconfigurar a fotografia
Para logo murchar todo o fascínio da preamar.

O esquecimento arranca seus motivos
Leva aos ventos
E lá faz alquimia de sorte de peregrino
Indo a qualquer parte
Para bem querermos não mais os achar.

{06.10.2015}

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