Toda força centrífuga interior que posso conter se esparrama
neste dizer. Dizer que tenho tido olhos e ouvidos para ver e ouvir o que me
rodeia no seu viés sensível através dos meus próprios sentidos é dizer que meu
conhecimento não se contém pela discursividade. Que todo pensante-que-sente se
expressa à sua maneira - no leque das possibilidades subjetivas existe outro
leque, o qual se abre à variedade das possibilidades do manuseio que cada um
encontra. Que existe um espaço para a comunicação, e outro para mera percepção
e entendimento de si, sem que com isso se atrele o liame do outro. Que estes que
se voltam à importância da expressão têm como força motriz o querer ser poeta-autor
de suas vidas, para reunir numa só alma e para reunir num só sentimento o
conjunto da história humana, que se sente como sua própria história. Dizer que
esta visão não é ingênua, que é sim unificante no ponto que condiz-nos
propriamente como humanos, e dizer simplesmente que não há no convés ninguém
com o qual eu não me identifique. Se a antevisão do convés me colocou ao rés do
chão com todos os que ali estão, o poeta então capturou a sua imagem para
expressar o que gostaria de expressar: os ruídos da alma paralisaram por um
instante, dando brecha para uma felicidade específica que percorreu por todo o
corpo. E se desfazendo constantemente de sua riqueza inesgotável e de sua força,
pode derramá-la no mar.
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