segunda-feira, 28 de julho de 2014

Sobre percepção, e sobre como o deleite estético é uma humanidade



Toda força centrífuga interior que posso conter se esparrama neste dizer. Dizer que tenho tido olhos e ouvidos para ver e ouvir o que me rodeia no seu viés sensível através dos meus próprios sentidos é dizer que meu conhecimento não se contém pela discursividade. Que todo pensante-que-sente se expressa à sua maneira - no leque das possibilidades subjetivas existe outro leque, o qual se abre à variedade das possibilidades do manuseio que cada um encontra. Que existe um espaço para a comunicação, e outro para mera percepção e entendimento de si, sem que com isso se atrele o liame do outro. Que estes que se voltam à importância da expressão têm como força motriz o querer ser poeta-autor de suas vidas, para reunir numa só alma e para reunir num só sentimento o conjunto da história humana, que se sente como sua própria história. Dizer que esta visão não é ingênua, que é sim unificante no ponto que condiz-nos propriamente como humanos, e dizer simplesmente que não há no convés ninguém com o qual eu não me identifique. Se a antevisão do convés me colocou ao rés do chão com todos os que ali estão, o poeta então capturou a sua imagem para expressar o que gostaria de expressar: os ruídos da alma paralisaram por um instante, dando brecha para uma felicidade específica que percorreu por todo o corpo. E se desfazendo constantemente de sua riqueza inesgotável e de sua força, pode derramá-la no mar.

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