domingo, 4 de maio de 2014

Ainda não e, todavia, já



Ainda não e, todavia, já; assim se anunciou e assim será.

A ermo se encontra uma pradaria. A pradaria não me pertence, não me consome, é apenas uma visão bem-quista, pressentida pelos desertos. Pois foi preciso passar antes pela travessia, o diabo na rua, no meio do redemoinho... A travessia que me ante-veio, que me bifurcou, e que se seguirá após a visão da pradaria. Falo apenas de coisas consonantes, e que esta seja fundamentalmente minha alegria escondida no escrever. Do desejo, muito sobrou: um quinhão da voz de um pássaro azul no peito, todo miúdo recruzado, e a alegria no trivial do corpo. A ermo preciso encontrar a pradaria. O consonante do real mais cru, o consonante desnivelado de uma ciência que ainda não se tem às claras, o consonante que é o ar de meu nariz e do sonho de minhas noites. Da varanda de ver nuvens da pradaria, o descuido prosseguido da vida é olvido, e penso que só lá alguém tão quanto eu mesma me estenderá os seus longos braços para longe de minha sina, para longe do mundo de gentes pétreas e para longe do mundo de meias-razões. O meu corpo, que em revezamento, sucedeu um outro, e por consequência, sucederá a outro corpo, que não o meu, precisa alcançar a pradaria. Lá, e somente lá, tudo que tem sido incôngruo ressonará enviezadamente: a palavra será som e o som não tremerá o campo. Prosseguir fluindo rumo à pradaria, em vista desse inefável encontro. Com a ética de jagunços, aprendi a coragem, e com ninguém antes. Se não há esperança sem medo, nem medo sem esperança, hei de quebrar a sua lei: o medo se transformará em brio, sem dúvida para com o futuro, para sentir, com arrepio, o ar da pradaria.

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