domingo, 6 de abril de 2014

Tentando reter o inexprimível


Entendendo o que é o limite, até onde irias? Ao limite dinâmico dos corpos ou ao contorno das esferas dos corpos? Entendendo o que é o limite, isto é, o limite da ação e da potência de um corpo, poder-se-ia resgatar o timbre de sua ação ou de sua potência. Mas como seria isso, como seria estender a voz até o ponto-limite em que a corda não se parte, resgatando do íntimo o trajeto ressonante? Vociferando, poderia interpretar alguém, dando corpo ao que se segue à extensão, cortando salões aéreos e cavalgando em campos abertos à fuga. Em algum momento, haveria de ser preciso abrandar essa voz, para que na escrita, este moldável escopo, pudesse encontrar a sua outra voz, a da consciência exposta num labor de arquiteto, sendo esta, também, a mais domável? Mas haveria de ter menos liberdade aquele que segue ao fluxo de sua outra voz? Decerto não teria, quando o que só cabe encontrar é a essa voz, a sua outra voz. Abrandá-la seria mais como dar-lhe alimento e lar, e obviamente não impedindo a sua passagem a outros campos. Vociferar seria a linguagem nela mesma, em seu estado mais bruto. O limite da ostra que quer se revelar estaria na orla de uma floresta, no centro determinante de uma passagem a outra passagem, onde desconhecemos a barreira delimitadora que, se não houver engano e ilusões, poder-se-ia enfim dizer: foi aqui o meu começo, e é aqui onde termino. Equiparar-se-á a isso uma fronteira, o muro dos exilados de guerra, a parede que remete às distâncias de um a outro. A mim, equiparo a uma linha evanescente no entorno de meu corpo, que me manda boas notícias ao dizer-me que é aqui e no preciso instante em que começo e recomeço, no sem-fim de árvores que se vão erguendo desde a sua orla até a sua encosta, como na antiga promessa de guardar-se a um amante.

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