terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Poema de Paul Auster


Viático

Não culparás as pedras,
nem te verás
além das pedras, por dizer
que não esperaste por elas
antes que teu rosto
fosse pedra.
Diante de ti
e atrás, no escuro
que se move com o dia, terás
quase respirado. E teus olhos,
como se tua vida fosse nada mais
que amarga peregrinação
a este país de falta, vão se abrir
para os muros
que te trancam a voz,
tua outra voz, levando-te
às distâncias do amor,
onde restarás, mais perto
do segundo,
e mais claro, terror
de viver em tua morte, e dizendo
a pedra
em que te tornarás.

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