terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O nódulo das despedidas, enfim


“Mas agora cessai e nunca mais para o futuro
O lamento suscitai;
Pois, em todos os quadrantes, o que aconteceu retém junto a si
Guardada uma decisão de plenitude.”
(Édipo em Colonos, Sófocles)


Revisitada de encantamentos, repentinamente e em espaço de tempo curto, via-me já prestes a transferir minha alma à terra natalícia. Por um momento, tomada ao espanto, quão raro pareceu-me ser o que brotasse ao redor deste sentimento tão vívido, e que por isso, já me estranhava ao corpo mesmo, a nova presença a evocar vastamente no transcurso dos pensamentos diários.

Foi então que me disse, quebrando a rosa de meu espanto ao mesmo tempo desejado e flutuante, e ainda eletricamente intacto, com a força do proferir claro e evidente, enquanto novo, novo, era aquele embaraço do estar presente sem saber delimitar-se, com os gestos ruidosos pelas distâncias que se estendem de um ao Outro, cada um pleno de forma montanhesa; enquanto eu permitia-me o início de um lamento por motivo do tempo que se seguiria tão acertadamente divisor daquele acontecimento nos dado à sorte das horas, que mais passam do que abundam, quanto de sons inverossímeis a substituir palavras doces e a marcá-lo, com uma obscura dicção do que “não-é” em espiral ecoante...: “Boa viagem, até”.


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